Universo Ultimate do Início ao Fim

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Para quem não o conhece, o Universo Ultimate foi criado em 2000. Essa linha da Marvel teve a proposta de conseguir novos leitores reinventando o universo Marvel tradicional. Essa ideia não é nova, pois muitos personagens já tiveram reformulações e já tivemos sagas como Heróis Renascem que tinham o mesmo objetivo. Mas o diferencial da linha Ultimate é que ela tentava, pelo menos no início, ser o mais realista possível, sendo um universo mais fechado e coeso.
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Ao contrario do Universo Marvel tradicional, o 616, no qual vemos um universo repleto de maravilhas, e onde seria comum esbarrar com um super-herói ou vilão nas ruas, no Ultiverso é diferente. Apesar de existirem, tais heróis são poucos.

Os três títulos em série dessa linha são Ultimate Spider-Man, Ultimate X-Men, e Ultimate Fantastic Four, além de mini-series e especiais como o dos Supremos, Demolidor, etc. Aqui no Brasil essa linha veio inicialmente como Marvel Século 21, lançada pela editora Abril, e mais tarde como Marvel Millennium quando os direitos passaram para a Panini.

Homem-Aranha


Vamos começar pelo Cabeça de Teia, pois de certa forma é o carro-chefe da linha Ultimate. Lembro que no início fiquei com receio de comprar essa revista, pois não via motivo para rever a história do Aranha desde o começo. Mas me surpreendi logo no primeiro número. De cara já vemos que a origem do Homem-Aranha tem relações com Osborn, além de outras mudanças que percebemos servirem para atualizar o personagem, sem tirar a essência do mesmo, como o fato da aranha que o picou não ser irradiada e sim possuir uma droga chamada OZ, que por sinal acaba sendo usada por Norman Osborn para se tornar o Duende Verde.
A história, principalmente nas primeiras edições, parece meio lenta, mas isso não é um ponto negativo. Pelo contrario, pois acaba dando uma profundidade aos personagens e vamos conhecendo-os aos poucos, exemplo disso temos o tio Ben que só irá falecer lá pela quarta edição. Inclusive, falando nos tios de Peter, essa versão Ultimate deles passa muito melhor a ideia de tios, pois para ser sincero a Tia May e o Tio Ben do universo Marvel normal estavam mais para avós.
Só lá pra edição 6 (na verdade a 2, pois aí a Marvel já estava na Panini) é que vamos ver o Duende Verde encontrar o Aranha. Pessoalmente essa foi minha primeira decepção no Ultiverso, não gostei muito dessa versão “Hulk” do Duende, mas depois acabei me acostumando, e perto de futuras desgraças isso realmente não era nada.
Com o passar do tempo, o Aranha já está na ativa, e Parker já está trabalhando para o Clarim, mas dessa vez não como fotógrafo, e sim como web designer, algo muito mais conveniente para um nerd de 16 anos atualmente.
Com o tempo surgem novos vilões, e alguns possuem até mais ligação com o personagem do que tinham no universo Marvel comum, como por exemplo o Venom. E é nessa época que também vemos que o próprio pai de Peter tem mais importância no Ultiverso. Por ser um garoto, Peter ainda é apenas um CDF que curte ciências, o lado cientista é deixado para seu pai, que para mim foi uma clara referência ao Peter Parker atual do universo 616. No Ultiverso foi o pai de Peter que desenvolveu a fórmula da teia, e um dos responsáveis pela criação do simbionte.
Mas não só os personagens foram do universo 616 para o ultiverso, as sagas também, como por exemplo a saga do Sexteto Sinistro, no qual a participação dos Supremos serviu para dar mais realismo a história, demonstrando que um grupo de super-vilões só poderia ser combatido por um super-grupo e não apenas por um herói. Além disso tivemos a Saga do Clone, não pude acompanhar toda essa época, mas pelo que vi foi melhor do que a controversa saga original, apesar de ter deixado alguns resquícios que ainda me incomodam.
De certa forma o Homem-Aranha foi um dos que mudou menos ao ir para o Ultiverso, ele apenas atualizou a época mais clássica do Aranha, e fez o que se tem tentado a muito tempo no universo Marvel comum em várias sagas (Saga do Clone, morte de MJ, pacto com Mefisto, etc.), que é voltar o Aranha ao seu estilo adolescente nerd azarado e solteiro com problemas mundanos.

Em geral, as histórias do Homem-Aranha Ultimate tiveram seus altos e baixos, mas diferente do restante do Ultiverso, que em determinado ponto foi ladeira abaixo, as histórias do Aranha mantiveram seu nível. Acho que um dos motivos para isso foi o fato de que suas histórias nunca se tornaram grandiosas demais para o personagem, mantendo sempre a aparência crível que tinha nos primórdios do universo Ultimate.

X-Men Ultimate



Começou a ser lançado aqui no Brasil junto com as histórias do Homem-Aranha. Não posso dizer muito sobre as histórias mutantes, nunca fui muito fã dos X-Men da linha Marvel 616, e mesmo tendo acompanhado toda a versão Ultimate deles, também não me agradou muito.

xmillenium03Essa versão começa com a criação dos X-Men, onde Jean Grey e Ciclope começam a recrutar os primeiros futuros X-Men. Temos algumas idéias vindas dos filmes, como por exemplo o estilo dos uniformes escuros, que na minha opinião não tinha como ser diferente. Ver os X-Men com colantes coloridos não é nada realista.
No início as histórias eram bem focadas no confronto entre Charles Xavier e Magneto, e na ideia do preconceito contra mutantes, tornando os X-Men um grupo foragido. Aliás, esse conceito do preconceito já era algo marcante nas histórias do X-Men da linha 616, e por isso acabou não sendo uma mudança muito grande quando foram para o Ultiverso.
Os personagens principais não tiveram muita mudança em seu aspecto psicológico, Scott continua no estilo de líder, Bob Drake continua brincalhão, etc. A única coisa é que são adolescentes como nos primórdios dos X-Men, com exceção de Wolverine, é obvio, que por sinal foi um dos que menos me agradou. Se repararmos, ele teve sim uma mudança no seu estilo, aqui no Ultiverso ele é bem mais anti-herói. No universo Marvel comum, apesar do Wolverine ser um personagem feroz e tudo mais, ele muitas vezes demonstrava um lado honrado, lembrem-se das sagas no Japão, não temos nada desse lado honrado no Wolverine Ultimate, o que me desagradou bastante.

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Ao contrario do Aranha, as edições dos X-Men não demoraram muito para mudar de desenhista, chegando a ter alguns traços bem cartunescos. Isso, é claro, não influenciava na história, mas muitos desses traços não passavam a seriedade e realismo que o Ultiverso tinha no início.

Mas houve sim coisas boas nas histórias dos mutantes, o Magneto é um exemplo. Pessoalmente achei ele um dos melhores personagens do Ultiverso dos X-Men. Enquanto que no universo 616 muitas vezes ele passava a ideia de que no fundo ele não era vilão e às vezes até ajudava os X-Men, no Ultiverso não temos isso, ele é um vilão e ponto final! Ele acaba demonstrando bem o fato de ser um terrorista mundial, a ponto de enfrentar os próprios Supremos.

Com o tempo a qualidade das histórias foram decaindo cada vez mais, alguns personagens começaram a ficar irritantes, e alguns dos X-Men se tornaram verdadeiros “aborrescentes”. Além disso o realismo das história foi se perdendo cada vez mais. Um dos principais exemplos disso é a saga em que eles enfrentam o Apocalipse, pessoalmente uma das piores sagas do universo Ultimate, e foi assim até o final.

Quarteto Fantástico


Inicialmente as histórias do Quarteto Fantástico foram uma das melhores transformações para o Ultiverso. No universo Marvel normal originalmente tínhamos o Quarteto como uma família aventureira em um estilo de ficção cientifica à lá anos 60, no melhor estilo Perdidos no Espaço. Pessoalmente acho isso muito legal, mas é algo que às vezes se torna estranho atualmente. Mas no Ultiverso os escritores conseguiram dar uma atualizada nisso, utilizando-se de uma ficção cientifica mais pesada, chegando às vezes a ser até algo sombrio.



Mudanças foram feitas nos personagens, todos são jovens e, com exceção de Ben Grimm, todos são superdotados, sendo, é claro, Reed Richards o mais gênio de todos. Aqui não temos tanto uma relação familiar e sim uma relação de amigos, mesmo que Johnny e Susan ainda sejam irmãos e ela e Reed sejam um casal.



A transformação deles também foi alterada, aqui não há viagem espacial nem acidente com raios cósmicos, nessa versão eles estavam testando uma nova tecnologia de teletransporte baseada na zona negativa. O Quarteto do Ultiverso não é só um super-grupo, mas também um grupo cientifico do governo, e com isso acabam tendo ligações com a SHIELD, e direto vemos relações com os Supremos.

Nessa versão o Dr. Destino não me chamou muita atenção, suas participações foram boas e seu personagem era interessante, mas não chega aos pés da vilania do Doom do universo normal. Além disso, vemos que as histórias sempre puxavam mais para as relações tanto dos quatro como com seus familiares, do que com os vilões em si.

Figura1Um detalhe que vale ressaltar é o fato de que foi aqui que tivemos a primeira aparição dos Marvel Zombies. Os roteiristas fizeram com que os leitores pensassem que o Ultiverso e o universo 616 iriam finalmente se encontrar, em um momento em que Reed Richards teve contato com uma duplicata sua, porém mais velha. Mas esta era na verdade a versão zumbi do Quarteto.

No entanto, quando Mark Millar deixou o roteiro da revista, de uma hora para outra a qualidade das histórias despencou, não parecia mais que era o Quarteto Ultimate. Com o tempo a qualidade só foi caindo cada vez mais, com histórias chatas, monótonas e muitas vezes sem sentido, chegando a estragar bons vilões que poderiam ser mais bem aproveitados, como o Thanos e seu Cubo Cósmico. E continuou nessa mediocridade até o final.

Minisséries

Além das três séries mensais já citadas e dos arcos dos Supremos, havia também algumas minisséries do ultiverso, lançadas de tempos em tempos. Logo no inicio tivemos a Ultimate Marvel Team-Up, que seguia o conceito da clássica Marvel Team-Up, criada nos anos 70, onde víamos o Homem-Aranha em histórias junto a outros heróis. Nessa versão Ultimate, a qualidade variava de acordo com a história, já que cada vez era escrita e desenhada por pessoas diferentes. De qualquer forma, eram histórias fechadas e independentes, pois acabavam sendo fora da cronologia já que haveria muitas mudanças com o restante do Ultiverso.
xistiram minisséries com os personagens mensais, como por exemplos a Guerra Suprema, onde temos o encontro dos Supremos com o X-Men, e o Sexteto, onde os Supremos enfrentam o Sexteto Sinistro. Tivemos também a mini do Demolidor e Elektra, e a minissérie Aventuras Aventuresca, uma obvia e hilária alusão ao Batman, mas ao invés do Homem-Morcego, temos o Coruja-Gavião, sendo a briga dele com o Capitão uma das melhores cenas das histórias do Ultiverso.
E, é claro, não posso deixar de lado a saga Confronto Supremo, onde os Supremos e o restante dos heróis enfrentam o Esquadrão Supremo. De certa forma esse seria o confronto Vingadores VS Liga da Justiça versão Ultimate.

Supremos

Mesmo que muitos digam que Supremos é cópia de Authority, em minha opinião isso é como dizer que os Vingadores são cópia da Liga da Justiça. Além do mais, a equipe de criação em certos momentos é a mesma, já que tivemos Brian Hitch nos desenhos e Millar no roteiro. Vejo ambos como uma versão critica, séria e pseudo-realista de suas respectivas equipes heróicas. Para mim Supremos é a melhor e a pior coisa que já aconteceu no Ultiverso. Melhor se formos considerar o volume 1 e 2 e pior se lembrarmos do volume 3.
Acredito que Supremos Vol. 1 tenha sido o titulo que melhor demonstrou a idéia do universo Ultimate. Teoricamente os Supremos seriam os Vingadores do Ultiverso, mas quando analisamos e vemos como estes são diferentes percebemos que eles não poderiam carregar o mesmo nome.

Os desenhos e a narrativas são extremamente cinematográficos, as aparências de alguns heróis foram baseados em atores reais. Nick Fury é o exemplo mais obvio disso e dispensa comentários, e além de possuir um traço realista, os quadros se apresentavam em planos cinematográficos, na maioria das vezes em closes de rostos ou quadros retangulares como uma tela de cinema.
as o desenho é só um detalhe disso tudo, aqui vemos os personagens com índoles bem diferentes de suas versões tradicionais. Apesar de ainda serem heróis, muitos deles se apresentam como verdadeiros escrotos se aproveitando da fama heróica. Temos um Bruce Banner derrotado a ponto de fazer loucuras, leia-se torna-se o Hulk propositalmente e destruir metade de Nova Iorque, um Hank Pym mais maluco do que o normal, um Thor que por muito tempo deixou a dúvida se seria um deus, um mutante, ou apenas um hippie maluco, entre outros personagens. E um dos melhores personagens em minha opinião foi o Capitão America. Enquanto que no universo 616 ele é um soldado da liberdade e defende seus princípios a ponto de se virar contra seu próprio governo, no Ultiverso ele é o que um soldado deveria ser, um pau-mandado do governo, tão patriota e cheio de si a ponto de dar nojo, mas é isso que o deixa maneiro, pois logo no inicio vemos que nem ele nem o restante dos Supremos estão lá para que nós gostemos deles, pelo menos não como heróis mas sim como personagens.

No volume 2 a qualidade melhora, certos erros no ritmo do primeiro volume são consertados, e as consequências do que ocorrera no volume 1 são fechadas, e partimos para uma história com ênfase em conflitos políticos e internacionais com intrigas e traições.
Mas tudo isso desaba quando vemos o terceiro volume de Supremos, uma das piores coisas já lançadas na linha Ultimate.
Percebemos que o roteiro e desenho deveriam ter continuado nas mãos de Millar e Hitch. É difícil de acreditar que esse terceiro volume tem ligação com o Ultiverso, ainda mais com os Supremos, parece mais uma história extremamente ruim dos Vingadores. Além de ter inúmeros furos na história, os personagens ficaram descaracterizados, perdemos o teor político e agressivo que tínhamos nos dois primeiros. Jeph Loeb, que acabou pegando o roteiro, além de fazer uma história mal contada, usa-se de seu velho e gasto estilo de “assassinato misterioso no início da história que leva, teoricamente, a um final inesperado”. Isso tudo sem contar com o desenho, que se antes era um dos pontos a mais para a seriedade dos volumes, agora nas mãos de Joe Madureira se tornou algo ridículo.

Origens

Uma saga que, por sua teórica importância, deve ser considerada é a saga Origens, onde vemos, como diz o nome, a origem do universo Ultimate. Focado na criação do super-soldado, na origem do Nick Fury, e do projeto Arma X, esses foram os primórdios da IMG8-1Era Heróica, além de outros eventos, como a primeira aparição do Hulk e o início de rixa de Xavier e Eric. A saga é boa, com uma história bem feita, principalmente se considerarmos que nessa época os títulos Ultimate já estavam bem caídos, o problema é que no final pareceu algo inútil para o restante do ultiverso, apesar de nos mostrar como tudo começou, a saga é apenas isso. Mas como disse, em geral é uma boa saga.

Ultimatum e Considerações Finais

E finalmente chegamos ao Ultimatum, o desastre mundial causado por Magneto em sua revolta contra a morte de sua filha Wanda. Teoricamente esse arco fecharia o Ultiverso, e tal ideia é interessante, devido ao fato do Ultimate ter sido feito, inicialmente, para ser um universo mais coeso e realista, então nada mais propício do que um dia chegar ao fim. Mas sabemos que na verdade esse fim foi uma reformulação feita para arrumar essa linha que já não estava com a mesma qualidade de antes.


No Ultimatum, mesmo tendo uma revista própria, os acontecimentos estavam ligados a todos os títulos Ultimate, o que para nós foi bom, já que aqui no Brasil todos eles vêm numa única revista. A saga teve ideias até que interessantes, porém muito mal executadas, sendo escrita “magnificamente” pelo Jeph Loeb. Mesmo que tenha tido acontecimentos polêmicos, como a morte de muitos dos heróis, tal seriedade nas histórias não valeu para dar qualidade ao roteiro. E assim terminou (ou não) o Ultiverso!


Em geral, a linha Ultimate começou bem, mas sofreu de um mal que já atingiu outras linhas das editoras de super-herois, e de certa forma atinge a linha principal, tanto da Marvel como da DC. Esse mal é o crescimento, pois se no início o Ultimate era para se mostrar algo mais real, fechado, coeso e feito para novos leitores que não conseguiriam acompanhar a linha regular pelo seu histórico complexo, com o tempo isso desandou, se tornou também algo complexo, com muitos personagens, muitas mudanças nos estilos das histórias durante as edições, além de ir perdendo seu pretenso realismo e seriedade aos poucos.

Como disse, esse mal já esteve em outras linhas das editoras, lembro muito bem da linha 2099, uma idéia muito boa que no final já estava insuportável de se ler. E o Ultimatum veio para tentar consertar isso, como já foi feito inúmeras vezes nas linhas tradicionais, como por exemplo a Crise Infinita, e os inúmeros Ano Um que reformulam e atualizam as origens dos heróis. Tudo é apenas reformulação que no final se desgasta e gera outra reformulação e por ai vai…!


Espero não ter feito nada de errado quanto a postagem dessa reportagem.
mais detalhes: http://comicpod.com/universo-ultimate-do-inicio-ao-fim/

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