Blind Red, A Maldição Vermelha
A alguns milhões de anos-luz do
planeta Terra, um cruzador espacial rasgava o vazio do espaço sideral. Esta não
era uma nave comum; era um tipo de embarcação nefasta, conhecido em toda a
galáxia como uma nau pirata do planeta Zord.
No interior do cruzador, algo
estava prestes a acontecer, algo que mudaria o curso da história. O capitão
supremo Hagan, o pirata mais temido e procurado em todos os sistemas
conhecidos, marchava com raiva pela ponte de comando da nave.
"Como? Como isso pôde
acontecer?" Ele vociferou, seu olhar furioso varrendo a sala.
Seu imediato, Zakanis, olhou para
o chão, temendo a ira do capitão. "Senhor, perdão, mas ele não deveria ter
escapado! Nem com toda a força ou sorte do universo! O calabouço estava
protegido por hordas de piratas experientes! Não consigo entender!"
Hagan rosnou em resposta, a fúria
claramente visível em seu rosto. "A armadura!"
"Como?" Zakanis levantou
os olhos, confuso.
"A maldita armadura Blind
Guardian! Ela voltou para o maldito!" Hagan rugiu.
"Senhor, mas Radamis não
usava nossa armadura?" Zakanis arriscou uma explicação.
"Sim! Mas o maldito tem um
pacto de sangue com sua antiga armadura, a Blind Guardian! Foi por causa dela
que ele se tornou meu segundo em comando antes de você... e por causa dela que
eu o mutilei!"
Zakanis assentiu, recordando o
passado. "Sim, senhor, lembro-me do dia em que, em vez de matá-lo, o
senhor o cegou com sua espada laser. Foi um combate lendário."
"Mas, senhor, se ele tentou
roubar a nave naquele motim há alguns anos, não seria ele ainda uma
ameaça?" Zakanis questionou com malícia. Zakanis, assim como seu capitão,
ambicionava a armadura vermelha de Radamis e para ele, vencer o pirata em
combate poderia ser uma vantagem. Ainda mais com ele cego.
Hagan refletiu por um momento e
então tomou uma decisão. "Você tem razão, Zakanis. Ajuste o curso para o
planeta mais próximo de seu ponto de fuga!"
Após uma varredura do computador
de bordo, eles tem uma noção precisa da localização de Radamis.
"Ok. O planeta é este,
senhor. O terceiro planeta a partir do sol deste sistema; os nativos o chamam
de planeta Terra!"
"Verde, hein? Muita terra
para procurar!" Hagan riu ironicamente.
"Em análise rotacional, a
face que estava voltada para nós era essa." O computador na ponte de
comando mostrou a imagem rotacional da Terra, com uma parte do Japão visível.
Hagan acenou com a cabeça.
"Envie alguns marujos e um líder!"
Zakanis se dirige para uma sala de
guerra e chama um dos oficiais.
”Haskus, apareça!" Zakanis
gritou.
O oficial tinha uma anatomia
robusta com um uniforme parecido com o dos tripulantes da nave com algumas
diferenças que o destacavam dos demais. Junto com um contingente de soldados
piratas, desceu sobre Tóquio em direção ao sinal que indicava a presença de
Radamis. A batalha estava prestes a começar.
Enquanto isso, em um beco escuro e
sem saída, um jovem magro e esguio de cabelos vermelhos, que cobriam uma enorme
cicatriz que se estendia por toda a área dos olhos, de pele azul e trajando
roupas exóticas, se recuperava de seus ferimentos. Ele revivia os momentos em
que havia fugido do cruzador pirata:
"Venha, Radamis, vamos nos
unir novamente..." uma voz sussurrou em sua mente.
"Não! Me deixe em paz!"
ele respondeu, agitado.
"Eu te amo! Seja meu, só
eu posso te dar tudo o que você quer!" a voz insistiu.
"Não! Não quero!"
Seus devaneios foram interrompidos
bruscamente por uma garota vestindo trajes de vaqueira, com cabelos loiros (apesar
de ser japonesa), corpo bronzeado e uma maquiagem branca exagerada, seus olhos
azuis contrastando com sua aparência. Era uma Yamamba[*]. Ela estava fugindo da
agitação da invasão dos monstros e, sem perceber, entrou no beco onde Radamis
se encontrava.
Radamis sentiu o peso dos passos
dela se aproximando, mas ele continuou resistente.
"Ei, cara, tudo bem?" a
garota disse, tentando parecer despreocupada. "Vamos fugir! Tem uns
cosplayers muito loucos destruindo tudo aqui perto!"
"Não se preocupe comigo,
humana!" Radamis respondeu com frieza.
"Humana?! Putz! E você acha
que é o quê?!" a garota retrucou, indignada.
"Já disse, humana, não se
preocupe comigo!"
Mas Mayumi, a garota corajosa de
olhos azuis, não desistiu. Ela se aproximou e tocou o braço ferido de Radamis, ensopado
de um sangue verde.
"Meu nome é Mayumi, sou
enfermeira no Hospital Geral de Tóquio, aqui em Shibuya. Deixa eu te ajudar com
esse ferimento!"
"Me largue, não se meta
comigo!" Radamis tentou afastá-la.
"Calma, eu só quero aju..."
Mayumi foi interrompida por uma explosão ensurdecedora ali bem perto.
O beco sombrio testemunhou a
chegada abrupta do alienigena Haskus, acompanhado por seus soldados que
cercaram os dois azarados.
"Radamis, tava te
procurando!" Haskus rosnou, seus olhos fixos em seu alvo.
"Ah, Haskus? Então o Hagan tá
mandando os novatos agora? Devia imaginar, o covarde vai amaciar a carne
primeiro pra depois quebrar o osso!" Radamis respondeu com desprezo.
"Cala a boca, seu
maldito!" Haskus rosnou com fúria, seus dentes à mostra.
"Ei, são esses cosplayers
que..." Mayumi foi interrompida por Radamis.
"Já disse pra não se meter,
humana! Fique atrás de mim e tudo vai ficar..." antes que ele pudesse
terminar, um dos soldados surge de uma laje acima, arremessando uma corda que
puxa Mayumi e a joga no meio de Haskus e dos outros soldados.
"Humpf! Era só o que
faltava!" pensou Radamis, agora cercado por soldados, os “marujos” que
usavam armaduras padronizadas na cor verde e roxo. " Haskus, me enfrente
sozinho!" Radamis desafiou, com um olhar determinado.
Haskus não disse uma palavra,
apenas observava Radamis ali, em menor numero e sem saber de onde vinham seus
oponentes.
Após ficar bastante tempo na
prisão da nave de pirata, Radamis acabou desenvolvendo sua audição, o ex-pirata
capta com seus ouvidos os movimentos de cada um dos soldados.
Iniciando um balé mortal de
ataques fulminantes, ele os derruba um a um. Em uma corrida rápida, ele agarra
Mayumi, que protesta vigorosamente.
"Ei, tire a mão daí, seu
tarado!" ela o repreende após sentir seus seios apalpados, acidentalmente,
pelas mãos firmes do guerreiro.
"Humpf! Essa ainda!"
Radamis respondeu com um sorriso irônico.
"É! Pra isso tu não é
ceguinho, né?!" Mayumi retrucou com sarcasmo.
Haskus avança velozmente, desferindo
um golpe violento no meio peito de Radamis. Porém, sua audição o fez ouvir o
movimento do pirata e ele desviou habilmente; acabou, com isso, tocando em
outra parte ainda mais íntima do corpo de Mayumi.
"Ei! De novo?!!!" Mayumi
exclamou, indignada, dando um tapa no rosto de Radamis.
Radamis, enfurecido e sem mais
opções, move os braços para os lados e exclama!
"BLIND... RED!!" Vindo
de baixo, o brilho vermelho da Blind Red Guardian começou a envolvê-lo, um raio
elétrico surge do chão envolvendo Radamis sobrepondo suas partes vitais com uma
armadura vermelha, sem olhos de aparência demoníaca...preparando-o para o
confronto.
"Vamos, Haskus, me faça
suar!" Radamis provocou, desafiando seu oponente.
O confronto entre Haskus e Radamis
era um espetáculo de habilidade e fúria. Os dois guerreiros se encaravam com
olhos flamejantes, cada movimento carregado de tensão.
"Seu desgraçado! Toma
isso!" Haskus rugiu, desferindo golpes furiosos.
Haskus continuou sua ofensiva,
golpeando mais duas vezes, mas Radamis defendeu habilmente, desviando os
ataques com destreza. Haskus acabou caindo para trás, ofegante e exausto.
"Acabou? Agora é a minha
vez..." Radamis anunciou com um sorriso sinistro, preparando-se para seu
golpe final. "TENSION KISS!!!!"
Uma lança surgiu do céu e se
materializou em suas mãos, pulsando com energia. Radamis concentrou seu poder
na arma enquanto Haskus tentava se levantar, mas era tarde demais.
"G POINT!" Radamis
gritou, realizando múltiplos giros incrivelmente rápidos com a lança. Ele fatiou
o monstro em pedaços pequenos até sobrar apenas uma poça de sangue verde.
E, em um último ato de destruição,
Radamis proclamou: "HELL FIRE!!!" A poça de sangue verde evaporou em
uma explosão de fogo infernal.
Saindo do beco calmamente, a
armadura de Radamis começou a desaparecer lentamente, revelando seu corpo
ferido. Ele ainda segurava o braço, onde o ferimento latejava.
"Ei, tarado! Volta aqui!
Vamos conversar!" Mayumi gritou, seguindo Radamis, determinada a saber
mais sobre aquele guerreiro misterioso.
[*]YAMAMBA - BRUXAS NIPÔNICAS
O estilo yamamba surgiu em Shibuya em 1998 e é adotado por colegiais com idades entre 15 e 18 anos, a maioria residente nas províncias de Tokyo, Chiba, Saitama e Kanagawa. Visual extravagante, bronzeamento artificial e maquiagem pesada são pré-requisitos para integrar o grupo. As yamambas bronzeiam a pele nos Hiyake Salons (salões equipados com máquinas de bronzeamento) e fazem maquiagem marcando o contorno dos olhos e dos lábios. O make-up foi chamado de Panda Make, por causa do contraste de preto e branco que faz com que os olhos pareçam maiores.
A palavra “yamamba” significa bruxa da montanha, uma figura que aparece nas lendas antigas do Japão. Cada região conta uma historia diferente sobre essas bruxas, mas geralmente elas moram sozinhas em uma casa na montanha e fazem maldades, chegando até a comer humanos. A aparência é horrorosa: velhas altas, com cabelos desgrenhados e bocas rasgadas.
O interessante é que elas fazem uma referência ao antigo teatro japonês Kabuki, onde todos os artistas ficavam mascarados.
As yamambas mais fiéis ao estilo são radicais. Quase negras de tanto bronzeamento, elas pintam o rosto como índios e marcam o contorno dos olhos de negro. Pode até parecer que a comparação dessas adolescentes com a bruxa da montanha seja forte demais, mas basta deparar com uma yamamba nas ruas de Tokyo para perceber que elas podem, sim, assustar.
A palavra “yamamba” significa bruxa da montanha, uma figura que aparece nas lendas antigas do Japão. Cada região conta uma historia diferente sobre essas bruxas, mas geralmente elas moram sozinhas em uma casa na montanha e fazem maldades, chegando até a comer humanos. A aparência é horrorosa: velhas altas, com cabelos desgrenhados e bocas rasgadas.
O interessante é que elas fazem uma referência ao antigo teatro japonês Kabuki, onde todos os artistas ficavam mascarados.
As yamambas mais fiéis ao estilo são radicais. Quase negras de tanto bronzeamento, elas pintam o rosto como índios e marcam o contorno dos olhos de negro. Pode até parecer que a comparação dessas adolescentes com a bruxa da montanha seja forte demais, mas basta deparar com uma yamamba nas ruas de Tokyo para perceber que elas podem, sim, assustar.
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